terça-feira, 29 de setembro de 2009

A garota.

Os olhos pesam. O ritmo animado entre a guitarra e o piano saindo das caixas de som é uma mera contradição ao estado da garota. Ela olha para a barra na parte inferior de seu monitor. Logo será outro dia. Tanto para fazer, tão pouca vontade para fazer a tal quantidade exacerbada de coisas. Quatro tic-tacs de laranja são então degustados, com tamanha satisfação. Ela se sente inacreditavelmente melhor, mas continua lutando contra o sono e o cansaço. Ela, que aprecia tanto a rotina, acaba se irritando com a mesma. É, minha cara, o feitiço virou contra o feiticeiro. Quem disse que jovens não se estressam e cansam? That’s bullshit.
Ela resolve fazer um esforço para conseguir postar finalmente algo em seu abandonado blog. Mesmo que esse algo não seja elaborado. Mesmo que esse algo seja simplesmente irrelevante tanto para sua vida quanto para a vida dos eventuais leitores de seu blog. Mas ela posta. Ela posta só para que saibam que ela ainda se importa, para que saibam que logo ela pretende acabar como desânimo e postar algo decente com um melhor conteúdo, para que saibam que ela não abandonou de vez o blog, para que saibam que ela ainda está viva, ainda que em uma entediante... inércia, digamos assim.
Então, a garota direciona seu olhar para seu relógio de pulso. O movimento circular dos ponteiros a faz sentir mais sono. Já é outro dia. Ela decide se render e ir dormir. Ou pelo menos tentar aproveitar as poucas horas de sono, antes de mais um dia. É tudo um ciclo. Ela está presa nesse ciclo, e é bom que se acostume com ele.
Ela boceja. Ela anda até a cama, deita e, pela primeira vez em algumas horas, ela dá um sorriso seguido de uma bela risada. Afinal, é como dizem: a beleza está nas coisas simples da vida. E ela viu. Ela percebeu a moral da história, e sua noite teve um final mais feliz.