domingo, 6 de fevereiro de 2011

Top 15 - Aberturas de Séries de TV

Sou uma grande fã de séries de TV – em especial às estadunidenses. Como toda boa admiradora, atento a tudo o que está ao meu alcance. As aberturas não escapam da minha observação. Há boas aberturas e ruins aberturas. Há aberturas mais complexas e outras mais simples. Curtas ou longas. Bem produzidas ou com um baixo orçamento. E por aí vai, até porque o mesmo se aplica às próprias séries. Não há uma fórmula ideal para a produção de uma abertura de série de TV, mas deveriam transmitir a essência da série, ou algo do tipo. Pois bem, resolvi elaborar um ranking com 15 das minhas aberturas favoritas até hoje, seguindo os mais diversos critérios.

15 – Pretty Little Liars

A abertura de uma das séries adolescentes mais intrigantes tem classe. Isso mesmo. Traz o preparativo do corpo de Alison – uma personagem que, ao que tudo indica, morre no primeiro episódio, o que desencadeia toda a trama – para o velório. Esse preparativo mostrado leva em conta apenas os aspectos da feminilidade: cabelos, unhas, maquiagem, sapatos, etc. A abertura é intrigante, um tanto misteriosa. Isso pode ser evidenciado com a sua música (Secret, por The Pierces) e pelo seu final, em que as quatro protagonistas agem como se escondessem algo – como, de fato, escondem...


14 – X-Files

X-Files foi uma série de grande sucesso, que estreou na TV no começo da década de 1990 e durou cerca de 10 anos. Até hoje reside nos corações dos fãs. Sua abertura é praticamente um hino internacional. Mulder e Scully são até hoje citados em outras séries. A abertura dá uma introdução ao que são os “Arquivos X” e encerra com a clássica frase “a verdade está lá fora”.

http://www.youtube.com/watch?v=Qd4l4noVdKg

13 – The 4400

Nunca a acompanhei, mas sei o básico do enredo dessa série de sci-fi. Quando assisti à abertura, percebi o quanto ela se adequava à história. Embalada pela música A Place In Time, cantada por Amanda Abizaid, a abertura mostra cenários em que deveria existir alguém, que desapareceu – banheiras cheias, refeições postas, telefones pendurados, etc. Ao fim, mostra as 4400 pessoas (desaparecida ao longo de décadas) que misteriosamente voltaram ao Planeta Terra, sem envelhecer nem um ano.

12 – The Sopranos

Uma das séries de maior sucesso ao redor do mundo não deveria ter uma abertura ruim. E não tem. Durante cerca de 1 minuto e meio, vemos cenas de New Jersey, onde se passa a série, percorridas pelo personagem Anthony Soprano em seu carro. A música que acompanha esse passeio, “Woke Up This Morning” (Alabama 3), traz um espírito mafioso à tona. Realmente, a HBO caprichou nessa abertura.


11 – Skins

A abertura dessa série adolescente britânica, assim como o elenco, passa por modificações ao longo das quatro temporadas, mas a essência continua a mesma. Como o elenco muda, as imagens que aparecem nas aberturas são diferentes; a música-tema também é modificada, mas a base é preservada. Mesclando imagens dentro e fora das letras que compõem a palavra “Skins” de uma forma incrivelmente harmônica, essa abertura é super criativa. No vídeo abaixo só constam as aberturas das 3 primeiras temporadas:

http://www.youtube.com/watch?v=SGIwLsMUVK0

10 – Grey’s Anatomy

Essa abertura é maravilhosa. Infelizmente, só foi utilizada nas primeiras temporadas – por algum motivo que desconheço. Capta a alma de Grey’s Anatomy, interagindo dois dos principais alicerces da série: medicina e romance.

9 – The Big Bang Theory

Resumir fatos importantes da história do universo e da Terra em cerca de 30 segundos? Bem, a abertura de TBBT conseguiu a proeza, com a letra simples e direta da música-tema History of Everything. Imagens rápidas de acordo com o ritmo vão surgindo na tela, passando a mensagem de que, na Terra, as coisas foram acontecendo de forma relativamente rápida até chegar aos dias atuais. E que tudo isso começou há cerca de 14 bilhões de anos atrás, com um Big Bang! No mínimo, incrivelmente interessante.


8 – House M.D.

A banda Massive Attack é autora de uma das músicas-tema mais elegantes e conhecidas no mundo das séries de TV, “Teardrop”. A série, claro, é House MD. Cada personagem (e, consequentemente, os nomes dos atores que os interpretam) é ligado a uma parte do corpo humano, de forma simbólica. Por exemplo: House e Wilson aparecem ao lado de cérebros, Chase aparece ao lado de uma espinha vertebral, Cuddy aparece como vasos sanguíneos, e por aí vai. Representa sutilmente o papel de cada personagem.


7 – Weeds

Outra série que ainda não acompanho, mas conheço um pouco do enredo. A trilha (“Little Boxes”), escrita na década de 1960, é uma crítica a esse sistema de subúrbio dos EUA, como o que abriga a trama de Weeds. Assim, as imagens que aparecem da abertura mostram exatamente isso, tudo igual e sem personalidade, bem ordenados: carros iguais, pessoas iguais, casas iguais (as ‘pequenas caixas’), etc. Além disso, essa abertura tem outro diferencial: durante a 2ª e a 3ª temporada, cada episódio traz uma versão nova de Little Boxes (durante a primeira temporada, foi utilizada a versão original, de Malvina Reynolds). Artistas como Elvis Costello, The Shins, Linkin Park, The Decemberists, Death Cab For Cutie, Joan Baez, entre outros, foram convidados a fazer tais versões. Abaixo, escolhi a versão de Regina Spektor, por considerar ser uma das melhores:

http://www.youtube.com/watch?v=1KnC-obchYM&feature=related

6 – Chuck

Altamente criativa, a abertura de Chuck é diferente de todas as que eu já vi. Em uma charmosa e simpática animação – apenas em escalas de vermelho, branco e preto –, mistura a nerdice à espionagem, ambas muito presentes na trama. Com uma série divertida como essa, como a sua abertura poderia ser chata? É simplesmente ideal.

http://www.youtube.com/watch?v=yqgwh_WhOps&feature=related

5 – Lie To Me

A abertura de Lie To Me supera expectativas. A música de Ryan Star, “Brand New Day”, se encaixa como uma luva à série de imagens que expõem expressões humanas e o que exatamente elas indicam, com seus respectivos códigos. Tudo à luz da avaliação do sagaz especialista na área, Cal Lightman (protagonista interpretado por Tim Roth). Interessantíssima.

4 – United States of Tara

Toda em estilo de livros de pop-up, a abertura de UST é excepcional. Mostra os três primeiros alters conhecidos de Tara – Alice, Buck e T –, mas sem mostrar seus rostos. Ao fim, aparece saindo do galpão usado para a “transformação” o rosto de Tara que, na verdade, é o rosto de todos os outros. Assim, percebe-se que todas essas personalidades habitam a conturbada mente de Tara. A trilha, composta por Tim DeLaughter, tem letras perfeitas para a abertura e para a série.

3 – Dexter

Absolutamente genial. A abertura de Dexter nos traz a comuns atividades matinais, realizadas por Dexter, o serial killer protagonista da série. Aí habita a ironia da abertura. Com um close e um olhar mais atento, percebemos o instinto assassino de Dexter em cada uma dessas atividades. A trilha da abertura tem um estilo meio latino caprichado – afinal, a série se passa em Miami.


2 – Six Feet Under

Profunda poesia está presente nessa abertura. E não é para menos, os produtores admitem que a sua construção foi trabalhosa. Quando a assisti pela primeira vez, fiquei maravilhada. Ela traz todos os elementos relacionados ao conceito da morte, desde o momento em que se dá – representada pelo corvo no início e pelas mãos que se soltam, simbolizando o desprendimento da vida – até o momento em que o corpo se encontra a sete palmos da ‘árvore da vida’, passando pelo necrotério e pela funerária. Não preciso nem comentar a trilha. Essa abertura é esplêndida.


Obs.: Esse vídeo não está com os créditos da abertura. Você pode assistí-lo com os créditos, mas em uma qualidade um pouco mais baixa, aqui.

1 – True Blood

Ao som de “Bad Things” (de Jace Everett), a abertura de True Blood mostra cenas que lembram o sul dos Estados Unidos, onde a religião ainda é muito forte e, consequentemente, o fanatismo religioso – representado por exorcismos, batismos, e outras cenas de cunho religioso da abertura. É também nesse cenário que se passa a série, contrapondo-se e trazendo os vampiros à tona. Com isso, o sexo, a morte e muito sangue se fazem presentes. A lógica da abertura é mostrar que os humanos podem ser tão ‘animais’ quanto os vampiros. Baseando-se nisso, a equipe que a produziu fez escolhas certas quanto à sequência de imagens e à trilha, o que transformou a abertura de True Blood a vencedora desse ranking. É inegavelmente fantástica.


PS: Não consegui colocar todos os vídeos aqui no post, por questões dos usuários do youtube, mas os links estão disponíveis.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Write About Love

Inspirada por diversas reviews que já li e vi sobre álbuns ao longo dos anos, incluindo uma muito recente (de um amigo meu: http://searchforreason.tumblr.com/), eu ressurgi das cinzas, sacudi a poeira desse blog e hoje vou fazer um post diferente dos anteriores...

O ano era 1996. Foi lançado então o primeiro álbum da banda escocesa Belle and Sebastian, pela qual tenho muita afeição, chamado Tigermilk. A partir daí, muitos outros álbuns, singles e EPs foram lançados e logo a banda se tornou um Ícone do cenário indie. Apesar do nome, não se engane: não há Belle alguma no grupo, muito menos um Sebastian. O nome da banda – formada atualmente por sete gênios da música – veio de um livro infantil francês, entitulado Belle et Sébastien, da autora Cécile Aubry.

Eu poderia seguir o post inteiro falando a respeito desse querido grupo musical. Poderia, quiçá, fazer uma review para cada álbum ou EP. Mas não o farei. O fato é que, em 2006 – após o lançamento do CD The Life Pursuit –, B&S entrou em um hiatus. Entre outros motivos, o “líder” da banda, Stuart Murdoch, pôde então se dedicar a um lindo projeto chamado God Help The Girl. Em 2010, o grupo causou um alvoroço por todo o mundo ao anunciar um tour e o lançamento de um novo álbum. Fui ao show que eles fizeram em São Paulo no dia 10 de novembro de 2010, um dos dias mais felizes da minha vida.

Sem mais delongas, o post de hoje será dedicado ao caçula da banda: Belle & Sebastian Write About Love (ou WAL, para os mais íntimos). O álbum é composto por 11 faixas, totalizando pouco mais de 43 minutos de duração. Pode não parecer tão bom à primeira vista – principalmente se compararmos com maravilhas da música como dois dos irmãos mais velhos, If You’re Feeling Sinister e The Boy With The Arab Strap – mas hoje o WAL é um dos meus CDs favoritos da banda. O que muitos não entendem é que o estilo dos álbuns foi se modificando, o que fica bem demarcado no álbum Dear Catastrophe Waitress e, principalmente, em The Life Pursuit.

Músicas

01 – I Didn’t See It Coming
Essa é a música perfeita para a abertura desse álbum, bem como de shows. Começa com uma batidinha leve e crescente liderada pela bateria. Então, Sarah Martin entra com sua voz doce dizendo “Make me dance, I want to surrender”. Ela segue como vocal único até a entrada de Stuart Murdoch, cuja voz suave se mistura à dela. Aproximadamente aos 3 minutos de duração, a música dá uma reviravolta e Stuart assume o vocal único por uma estrofe, uma das mais interessantes da faixa. Essa música, escrita pela própria Martin, traz uma sensação de leveza impressionante.

02 – Come On Sister
Em um estilo mais animado que a uma antecessora, a segunda faixa do álbum é tida como uma das melhores. E não é para menos. Cantada por Murdoch em um ritmo singular, é incrivelmente energizante. Ela prova que não é necessário um “tuntz tuntz tuntz” para animar uma pessoa. Genial.

03 – Calculating Bimbo
Bem mais calma que Come On Sister, Calculating Bimbo é suave. Talvez suave até demais, pelo menos até o trecho em que Murdoch canta “You’re my winter queen that disappear” em diante. Essa segunda parte da música me surpreendeu positivamente, tornando-a como um todo muito especial.

04 – I Want The World To Stop
E lá vamos nós novamente ao contraste. A quarta faixa do WAL é bastante agitada. É quase impossível ficar parado. A letra pode não ser das mais elaboradas – quem conhece B&S sabe que um dos pontos fortes da banda é a complexidade das letras das músicas, que tendem a conter metáforas e mensagens subentendidas –, mas o ritmo é contagiante.

05 – Little Lou, Ugly Jack, Prophet John
Uma das minhas queridinhas. “Little Lou” é Lou Reed, “Ugly Jack” é Jack Kerouac e “Prophet John” é John Lennon. Essa música conta com a participação especial da aclamada cantora de jazz Norah Jones. Com sua voz maravilhosa e forte, Jones canta em dueto com Murdoch. Aí vemos novamente um contraste, mas a combinação ficou perfeita. Essa faixa esbanja emoção sem cair naqueles clichês bobos de gritos e vozes chorosas, e também pode ser encontrada no mais novo álbum de Jones, “...Featuring”, uma compilação de participações da cantora em músicas de outros artistas, e vice-versa. Outro CD muito bom, aliás.

06 – Write About Love
Vocês conhecem a atriz Carey Mulligan (Pride and Prejudice; An Education; e Never Let Me Go), certo? Se vocês nunca a ouviram cantar, podem perfeitamente fazê-lo por meio desta faixa-título. Isso mesmo, Murdoch aparece mais uma vez em um dueto no álbum, e dessa vez com Mulligan. Write About Love foi lançada pouco antes do álbum homônimo como uma prévia do que os fãs deveriam esperar. No meu caso, funcionou muito bem. A princípio, eu a considerei “bacana”, mas, após ouvi-la algumas vezes, percebi a magia que ela de fato tem – assim como o álbum. A interação entre os instrumentos (e entre os mesmos e os vocais) é excepcional. A letra é marcante, mas de uma boa maneira, e se encaixa redondinha no ritmo.

07 – I’m Not Living In The Real World
Murdoch dá uma folga e deixa que o outro vocalista masculino da banda, Stevie Jackson, apareça de forma mais evidente. Nos shows, Jackson leva o público a entoar de forma dinâmica os “uhh-uh-uh-uhhh’s” presente nessa faixa, composta por ele. É divertido. E é justamente essa a impressão mais ressaltada da música, ela soa de forma divertida e alegre. Foi uma forma interessante e sutil que Jackson encontrou para criticar esse “mundo real” em que vivemos.

08 – The Ghost Of Rockschool
“I’ve seen God in the Sun
I’ve seen God in the street
God before bed and the promise of sleep
God in my dreams
And the free ride of grace
But it all disappears and then I wake up”

Apesar do que possa parecer, essa não é uma música gospel. O próprio Murdoch já deixou claro que não é fã desse tipo de música e espera que essa faixa não remeta a esse estilo. Na verdade, é nela que Murdoch deixa o seu ponto de vista. Para ele, não é necessário ir a uma igreja em um determinado horário para ter fé. Deus, eu suponho, não seria uma figura concreta e estaria em todos os cantos; as pessoas deveriam amar as coisas simples e agradecer pelo momento. O “demônio” é representado pelo desejo, possivelmente sexual. Entretanto, esse desejo puramente sexual seria contornado pelo amor (Deus), como no trecho final: “I’ve seen God shining out from her reflection”.

09 – Read The Blessed Pages
O começo soa acústico. A voz de Murdoch, como sempre, suave. A flauta doce tocada por Martin faz uma ocasional aparição, bem como sua voz. Das 11 músicas, essa é a que menos me agrada. Por enquanto, não percebi o seu toque especial, mas sei que ela tem.

10 – I Can See The Future
Cantada por Martin, é uma obra rara. Essa faixa me conquistou logo de cara. Nela, o trompete (tocado por Mick Cooke) e os violinos são mais presentes – ou mais evidentes – do que nas outras faixas. Tudo em perfeita harmonia.

11 – Sunday’s Pretty Icons
Não haveria outra música no álbum melhor para ser a última. Ela soa como o encerramento de um álbum e é incrivelmente agradável. Deixa o ouvinte com um gostinho de “quero mais”. É a faixa que mais se diferencia do WAL, com um estilo singular, quase futurístico. A letra soa melancólica e, ao mesmo tempo, otimista.



O álbum Write About Love é de uma poesia tremenda e, cada música, ao seu modo, fala sobre amor. Como diz a faixa-título, “write about love/it could be in any tense/but it must make sense”. Vale a pena conferir. O álbum foi feito para ser absorvido aos poucos mesmo, então não tema em apertar o repeat. As sensações estão em constante mudança.