segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Retorno.

Em todos os dias da minha vida desde que reduzi a frequência de posts aqui nessa página atualmente azulada eu penso em temas para posts. Não chego a escrever e, se os escrevo, resolvo não os postar. Isso talvez seja pelo fato de que sou altamente crítica – e, como é o caso, autocrítica – com um toque de perfeccionismo. Mesmo que esse blog seja extremamente ignorado pela maioria das pessoas que eu conheço, ainda creio que eu deva deixar gravadas aqui palavras interessantes.

Hoje não estou aqui para postar algum dos assuntos que vêm à minha mente. Tampouco escrevi algo novo. Simplesmente estou travada, desculpem-me. Não consigo colocar em um texto algo que valha à pena ser lido – ou é o que eu acho. Entretanto, vasculhando meus arquivos novamente, achei uma pequena história que escrevi há uns poucos meses. Como não a havia postado aqui e como não queria deixar esse blog mais um dia abandonado... aí está:

Mistério

Fecho os olhos. Sinto minha vida se esvair pouco a pouco. Cada batida de coração parece ser a última, e nada posso fazer para impedir o trágico fim. Calafrios, e mais calafrios. Enfim, a última lágrima, a última batida, a última pulsação, o último suspiro... a minha vida, então, acaba.
Sufoco. O ar não mais entra rasgando meus pulmões. Debato-me, em busca da vida. Ela se esquiva de mim, e então agonizo. Sofro, meu sangue começa a tingir tudo ao meu redor. De repente, estou em um mar rubro, sem rumo e sem ar. Desisto de lutar. Talvez fosse mais fácil assim.
Ouço correntes se arrastando. Vultos cobertos por longas capas passam por mim, como se eu não existisse. O barulho das correntes ecoa em minha mente. Grito por causa da dor. Os vultos se entreolham, e logo sinto seus olhares em mim. Náusea, vista turva... não consigo me mexer.
A luz invade minha visão. Dor-de-cabeça, dor no peito. Minhas mãos manchadas de vermelho. Cicatrizes e hematomas por todo o meu corpo. Um código de barras está tatuado em minha barriga. Não há ninguém por perto. Quase como ironia, sinto que não sou mais eu. Algo me distrai. No teto, a névoa que invadiu o cômodo parece dançar. Cintila surrealmente. O silêncio que reinava até então é interrompido, atraindo todos os meus sentidos.
Não me lembro do quanto vivi até o dado momento. Quase não me reconheço, enquanto meu corpo está deitado naquele ambiente estranho. É o começo de tudo. Antes, quente; agora, frio. Muito frio. Começo a tremer, meus olhos atentos tentam captar os detalhes, buscam a verdade. E choro, choro um choro demasiado. Meu corpo é lavado em lágrimas; minha alma teme. Teme o que pode vir a acontecer. Sinto uma pancada. Tudo enegrece.


Um comentário: sonhos podem detonar com o dia de uma pessoa e se infiltrar em todos seus pensamentos livres. É assim que se sabe o tamanho do incômodo de um sonho ou pesadelo... quando não se consegue livrar dele. Aliás, às vezes isso tem um lado bom, pode trazer ideias novas! O problema é quando você não consegue realizar suas ideias e a frustração reina.

Ah, um último comentário: por mais que eu saiba disso em todos os segundos desses meus quase 18 anos de vida, eu sempre me surpreendo quando penso como a vida pode ser injusta. Como as pessoas podem ser... sacanas. Mas ok, é assim.

Buenas noches :)