sexta-feira, 24 de julho de 2009

Barulho de obra.

Aqui estou eu, com meus olhos ainda cansados de sono. Tomei um iogurte para disfarçar a fome e me sentei na minha cadeira cativa, em frente ao computador. Eu certamente planejava dormir até tarde, mas esses meus planos têm sido estragados ultimamente.

Há uns dois anos, eu aspirava à carreira de arquiteta. Era isso o que eu queria ser. Algo aconteceu e eu mudei de ideia, embora até hoje essa me pareça uma escolha interessante. Junto com um curso de arquitetura, vem obra, obviamente. Obras mais barulhentas, obras menos barulhentas. Eu poderia tranquilamente lidar com isso o resto da minha vida, afinal, faz parte do trabalho.

Do trabalho, não necessariamente da minha vida pessoal. Eu não obrigatoriamente teria que lidar com minhas manhãs de sono sendo arruinadas devido a uma obra interminável no andar de cima. Principalmente quando se está de férias e se quer descansar, na medida do possível.

Ontem, como vem acontecendo, eu acordei com o barulho da obra do andar de cima. Só que não parecia um barulho normal. Parecia simplesmente que o prédio estava desabando, ou algo do tipo. Foi meio surreal. E eu fiquei extremamente irritada (para não citar os outros estados de espírito que acompanharam). E essa irritação foi se acumulando durante o dia todo, pois esses barulhos têm sido minha trilha sonora.

Hoje eu nem coloquei o despertador, pois sabia que acordaria com a barulheira incomum acima do meu teto. E funcionou. Às vezes eu me pergunto o que tanto eles fazem. Eu moro nesse prédio há quase um ano e, durante quase todo esse tempo, lá em cima eles continuaram nessa ‘orquestra’ altamente desregulada (sendo que ultimamente eu tenho sentido mais). Tenho certeza de que a obra deles já deveria ter sido concluída há meses.

Como sempre rola fofoca, a senhora que trabalha aqui em casa descobriu com um dos porteiros, que descobriu com um dos operários que trabalham na referida obra, o seguinte fato: os donos do apartamento são insaciáveis. E ricos, ao que tudo indica, pois o que ocorre é que eles mandam refazer uma mesma coisa quantas vezes der na telha deles. Mas, caramba, isso precisa afetar aos andares próximos ao dele? Até porque certa vez o dono ali de cima me disse – em um contexto diferente desse – que eles tinham feito isolamento acústico no apartamento deles. Não sei que isolamento acústico...

De qualquer forma, com ou sem isolamento acústico, o ponto é que essa barulheira afeta nosso dia aqui em casa. O clima tem estado mais pesado, porque esse constante tormento tem gerado dores de cabeça e tremendo mau humor da parte dos que aqui estão. Eu já pensei em ir lá em cima verificar quanto tempo deve faltar para que a obra se conclua. Sério. Mas seria muita cara-de-pau, a qual eu não tenho. Depois pensei em perguntar diretamente aos moradores. Sim, porque ao condomínio nós já reclamamos. Principalmente quando eles – e aí eu olho com desprezo para cima – invadem o horário em que não deveria ter obra alguma acontecendo no prédio.

Eu não posso desfrutar dos meus últimos dias de férias com devida calma e tranqüilidade. Não posso acordar de forma natural – ou com meu despertador, com o qual eu estou tão acostumada ao longo dos anos, que já trato como uma forma natural –; não posso assistir TV sem legenda, a não ser que eu ultrapasse os decibéis sensatos; não posso ouvir música como eu gosto de ouvir; não posso ter uma conversa que não seja prejudicada; não posso manter um silêncio agradável; não posso fazer muitas outras coisas que eu gostaria.

É, tudo por causa dessa extremamente barulhenta e anormal obra no andar de cima. Ela tem atrapalhado meus dias. Destruído minha paz. E sim, eu estou irritada. Demasiadamente irritada. Deveria ter algo que se pudesse fazer, mas todas as minhas ideias mirabolantes e malignas foram barradas por mim, justamente por serem mirabolantes e malignas.

E assim eu vou levando meus dias. Meus pais reclamam quando eu resolvo sair quase todos os dias, mas é uma forma de manter a sanidade. Enfim, não há o que se possa fazer, além do que já se tem feito. Só posso esperar pelo fim dessa obra, e torcer para que seja logo. Por favor, que seja logo...

Um comentário:

Carlos Augusto Costa disse...

Se quiser eu executo as idéias malignas por ti.